sexta-feira, 13 de julho de 2007

A MATEMÁTICA DO ABSURDO
Como a morte precoce causada pelo cigarro ajuda a sociedade, segundo a Philip Morris:
Na doença
Fumantes geram altas despesas hospitalares. Como morrem antes, sobra mais dinheiro para salvar os demais pacientes.
Na aposentadoria
Ao se aposentarem, os fumantes vivem três anos menos que os demais idosos. O governo pode poupar um bom dinheiro, que iria para o pagamento de pensões.
Saúde — Conta que insulta
A Philip Morris diz que checos têm um bom lucro com a morte precoce de fumantes.
O cigarro anda fazendo mal ao bom senso. Na semana passada, veio a público um relatório da Philip Morris com o mais extravagante dos argumentos: que o vício do tabaco faz bem à saúde financeira de um país porque faz mal à saúde da população.
Conforme um estudo encomendado pela fábrica de cigarros americana à empresa de consultoria Arthur D. Little, graças à morte precoce de fumantes o governo da República Checa poupou 30 milhões de dólares só no ano de 1999.Esse dinheiro, diz o trabalho, equivale ao que seria gasto com tratamentos médicos, pensões e aposentadorias dessas pessoas caso elas tivessem continuado vivas.
O documento reconhece qe os cofres púclicos perdem em arrecadação de impostos com a morte do viciado. Mas contrapõe que o lugar do morto pode ser preenchido por um desempregado — e aí o poder público economiza com os encargos sociais do auxílio-desemprego.
Resumindo os argumentos: a maior fabricante de cigarros do mundo tenta provar que seu produto é bom para a economia porque mata os consumidores.Claro que o estudo também relaciona o lucro de 147,1 milhões de dólares, em taxas e impostos que o governo checo arrecadou dos fumantes no mesmo período.
O relatório da Philip Morris pretende ser uma resposta ao governo da República Checa, que acusara a indústria de produzir rombos nos cofres públicos por causa dos tratamentos de males causados pelo fumo.
Dos cerca de 10 milhões de checos, 46% são fumantes. Destes, oito em cada dez fumam cigarros da Philip Morris. Segundo a empresa, a pesquisa é ‘um mero estudo sobre o impacto econômico do cigarro nas finanças’.
O dinheiro que o cigarro gera, aliás, é o último recurso dos executivos do tabaco para justificar o vício.
Conta que insulta:
A Philip Morris diz que checos têm um bom lucro com a morte precoce de fumantes.
O cigarro anda fazendo mal ao bom senso. Na semana passada, veio a público um relatório da Philip Morris com o mais extravagante dos argumentos: que o vício do tabaco faz bem à saúde financeira de um país porque faz mal à saúde da população.
Conforme um estudo encomendado pela fábrica de cigarros americana à empresa de consultoria Arthur D. Little, graças à morte precoce de fumantes o governo da República Checa poupou 30 milhões de dólares só no ano de 1999.
Esse dinheiro, diz o trabalho, equivale ao que seria gasto com tratamentos médicos, pensões e aposentadorias dessas pessoas caso elas tivessem continuado vivas.
O documento reconhece qe os cofres púclicos perdem em arrecadação de impostos com a morte do viciado. Mas contrapõe que o lugar do morto pode ser preenchido por um desempregado — e aí o poder público economiza com os encargos sociais do auxílio-desemprego.
Resumindo os argumentos: a maior fabricante de cigarros do mundo tenta provar que seu produto é bom para a economia porque mata os consumidores.Claro que o estudo também relaciona o lucro de 147,1 milhões de dólares, em taxas e impostos que o governo checo arrecadou dos fumantes no mesmo período.
O relatório da Philip Morris pretende ser uma resposta ao governo da República Checa, que acusara a indústria de produzir rombos nos cofres públicos por causa dos tratamentos de males causados pelo fumo.
Dos cerca de 10 milhões de checos, 46% são fumantes. Destes, oito em cada dez fumam cigarros da Philip Morris. Segundo a empresa, a pesquisa é ‘um mero estudo sobre o impacto econômico do cigarro nas finanças’.
O dinheiro que o cigarro gera, aliás, é o último recurso dos executivos do tabaco para justificar o vício.
O mercado mundial de cigarros movimenta 300 bilhões de dólares anuais.As fábricas geram empregos e impostos que vão direto para os cofres públicos, argumentam.
No Brasil, por exemplo, o cigarro propicia uma arrecadação anual de 5,5 bilhões de reais em impostos. Em torno de 2 bilhões são gastos com o tratamento de saúde dos fumantes. Ou seja, sobram aos cofres públicos 3,5 bilhões.
Pelos critérios do relatório, as doenças e mortes estão produzindo um superávit considerável para o governo.
Os antitabagistas explicam que as falhas do documento vão além da insanidade dos argumentos.As contas não consideraram, por exemplo, o fato de que , quando adoecem ou são submetidos a uma cirurgia, os fumantes têm de fazer exames mais custosos e passam por tratamentos mais longos.
Com esse dado na balança, provavelmente se demonstraria que o governo checo tem razão de reclamar.Outra falha do trabalho foi desconsiderar que a maioria dos óbitos de fumantes é registrada entre os 35 e 69 anos, quando as pessoas estão no auge de sua capacidade produtiva.
O relatório é um sinal do nível de tensão a que chegou a indústria do tabaco.Em todo o mundo, ela tem sido alvo de processos milionários, movidos por exfumantes ou parentes de viciados mortos.
No Brasil, oito pessoas morrem por hora em conseqüência de males que podem ser detonados ou agravados pelo fumo. Mais de 25% das mortes por doenças cardiovasculares e 90% dos casos de câncer de pulmão são atribuídos ao cigarro.
No próximo estudo, espera-se que as fábricas de cigarros façam contas também sobre o impacto econômico representado pelas pessoas que abandonam o vício e passam a gastar seu dinheiro com coisas mais saudáveis.
Fonte: Matéria publicada na revista Veja, edição 1710, ano 34, nº 29, de 25 de julho de 2001.Reportagem de Anna Paula Buchalla.

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