domingo, 14 de setembro de 2008

Denotação e Conotação

A significação das palavras não é fixa, nem estática. Através da imaginação criadora do homem, as palavras podem ter seu significado ampliado, deixando de representar apenas a idéia original (básica e objetiva). Assim, freqüentemente remetem-nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de sua colocação numa determinada frase.
Observe os seguintes exemplos:

A menina está com a cara toda pintada.
Aquele cara parece suspeito.

No primeiro exemplo, a palavra cara significa "rosto", a parte que antecede a cabeça, conforme consta nos dicionários. Já no segundo exemplo, a mesma palavra cara teve seu significado ampliado e, por uma série de associações, entendemos que nesse caso significa "pessoa", "sujeito", "indivíduo".

Algumas vezes, uma mesma frase pode apresentar duas (ou mais) possibilidades de interpretação. Veja:

Marcos quebrou a cara.

Em seu sentido literal, impessoal, frio, entendemos que Marcos, por algum acidente, fraturou o rosto. Entretanto, podemos entender a mesma frase num sentido figurado, como "Marcos não se deu bem", tentou realizar alguma coisa e não conseguiu.

Pelos exemplos acima, percebe-se que uma mesma palavra pode apresentar mais de um significado, ocorrendo, basicamente, duas possibilidades:

a) No primeiro exemplo, a palavra apresenta seu sentido original, impessoal, sem considerar o contexto, tal como aparece no dicionário. Nesse caso, prevalece o sentido denotativo - ou denotação - do signo lingüístico.

b) No segundo exemplo, a palavra aparece com outro significado, passível de interpretações diferentes, dependendo do contexto em que for empregada. Nesse caso, prevalece o sentido conotativo - ou conotação do signo lingüístico.

Obs.: A linguagem poética faz bastante uso do sentido conotativo das palavras, num trabalho contínuo de criar ou modificar o significado. Na linguagem cotidiana também é comum a exploração do sentido conotativo, como conseqüência da nossa forte carga de afetividade e expressividade.
Língua Falada e Língua Escrita

Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a comunicação lingüística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante.

No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:

Fatores regionais: é possível notar a diferença do português falado por um habitante da região nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há variações no uso da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.

Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também são fatores que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola.

Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos: quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura.

Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da informática, biólogos, médicos, lingüistas e outros especialistas.

Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem infantil e linguagem adulta.
Dicas de Português

Enquanto com o sentido de como: a não ser que se refira realmente ao tempo e não à condição, ao cargo, o correto é dizer como presidente, e não enquanto presidente.

Hífen X Travessão

Há quem faça confusão entre hífen e travessão. Aí vai a dica: o hífen é menor e só pode ser usado na separação das partes de uma palavra: decreto-lei, convenci-o, ex-diretor. O travessão é maior, sendo usado na introdução de diálogos e como sinal de pontuação. O erro mais freqüente é o que ocorre em relação ao uso dos espaços; enquanto o travessão requer espaço antes e depois, o hífen o dispensa.

Quê ou Quês / Que

Que e ques só podem ser acentuados nos seguintes casos:
Em final de frase exclamativa: Quê! (indicando espanto, estranheza).
Em final de frase interrogativa: Quê? (pergunta de quem não entendeu alguma coisa).
Quando se trata de substantivo: Ela tem um quê que agrada. Ela tem alguns quês que agradam.

Legal, legítimo, lícito, permitido

Usam-se essas palavras como se fossem sinônimos. Parecem, mas não são:
Legal: que está previsto em lei.
Legítimo: que emana da vontade popular, baseando-se no direito, na razão e na justiça.
Lícito: que não é proibido por lei; não é objeto de lei.
Permitido: que é autorizado por lei.

Há / A

Usa-se há para indicar tempo passado e nos sentidos de existir, ocorrer: Há muito tempo acontecem esses fatos. Há muita polêmica em torno do assunto.
Utiliza-se a:
Para indicar tempo futuro: Daqui a algum tempo saberemos a verdade. Daqui a pouco iniciará o jogo.
Para indicar distância: Isso ocorreu a cem metros da minha casa.

Aqui, aí, ali, lá

Quando se quer utilizar essas palavras para localizar em relação ao espaço geográfico, deve-se levar em conta que:
aqui: designa o lugar onde está quem fala ou escreve: aqui chove;
aí: indica o lugar de quem ouve ou lê: chove aí?;
ali e lá: servem para indicar outro lugar, afastado dos dois: estive em Brasília; ali (lá) está tudo tranqüilo.

Literalmente?

O candidato estava literalmente nervoso. Literalmente significa "transcrição por escrito, com todas as letras; fiel ao texto original, sem alterar palavra". É o caso da frase? Claro que não! Não se pode sequer imaginar alguém "literalmente" nervoso. É provável que o se tenha querido dizer que o candidato estava muito nervoso, o que seria correto.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Quando usar bastante ou bastantes

Um caso típico de confusão é o uso dos termos bastante ou bastantes.
Afinal, quando usar um ou outro? Para acabar com o problema, existe um macete muito simples: sempre que você puder substituir por muito quer dizer que ali vai um bastante, no singular.
Assim, você terá bastantes chances de acertar a questão!
A importância da pontuação
(Hélio Consolaro* )
Recebi de um leitor (login: rondon.jr) um texto bastante conhecido, antigo, como exemplo de como a pontuação faz a diferença. A reprodução abaixo não é falta de assunto, mas uma forma de compartilhar com os leitores mais jovens as coisas antigas e boas que estão na internet.
Um homem rico estava muito doente, pediu papel e caneta, e assim escreveu:
"Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres".
Morreu antes de fazer a pontuação. Para quem ele deixava a fortuna?
Eram quatro concorrentes. O sobrinho fez a seguinte pontuação:
"Deixo meus bens à minha irmã? Não, a meu sobrinho.
Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres"
A irmã chegou em seguida e pontuou assim, o escrito:
"Deixo meus bens à minha irmã, não a meu sobrinho.
Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres."
O alfaiate pediu cópia do original e puxou a brasa pra sardinha dele:
"Deixo meus bens à minha irmã? Não! Ao meu sobrinho jamais! Será paga a conta do alfaiate.
Nada aos pobres."
Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
"Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres."
MORAL DA HISTÓRIA
Pior de tudo é saber que ainda tem gente que acha que uma vírgula não faz a menor diferença!

*Hélio Consolaro é professor de Português, cronista diário da Folha da Região, Araçatuba-SP, presidente da Academia Araçatubense de Letras, coordenador do site Por Trás das Letras.
Vestibular a distância da UFRN
As inscrições para o processo seletivo do ensino a distância continuam abertas na UFRN até o próximo dia 14, domingo. Elas são feitas exclusivamente pela internet no site www.comperve.ufrn.br e custam R$ 30,00.

Este ano a UFRN oferece 700 vagas para os cursos de licenciatura em Biologia, Física, Matemática, Geografia e Química. Os locais de realização das provas serão divulgados no dia 13 de outubro e sua aplicação será no dia 19 do mesmo mês, das 8h30 às 12h.