domingo, 5 de agosto de 2007

Universidades públicas avançam na área de Pesquisa

Nesse momento de crise por que passa a educação estadual, os administradores das universidades públicas de Mossoró se unem em parceria para promover cursos de pós-graduação conjunto. Nesse contexto, os reitores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), respectivamente Milton Marques de Medeiros e Josivan Barbosa, falam sobre a situação da educação superior no município, de seus projetos, sobre o futuro da pesquisa local, a importância do setor privado e a perspectiva de projeção em âmbito nacional.Recentemente a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), aprovou a criação de três cursos de mestrado para Mossoró, sendo um deles - Ciências da Computação - compartilhando entre a Uern e Ufersa. A Uern terá ainda o mestrado em Física, e a Ufersa, em Ciências do Solo. As aulas estão previstas para começar em 2008, e o edital com normas de seleção está sendo formatado. Josivan Barbosa Menezes é graduado em Agronomia pela Ufersa, tem mestrado em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e doutorado em Ciências dos Alimentos (Fisiologia Pós-Colheita) pela UFLA. Atualmente é reitor da Ufersa e fala das expectativas para o futuro da instituição. Já o empresário e reitor da Uern, Milton Marques de Medeiros, é especialista em Administração Hospitalar, pela Faculdade São Camilo de Administração Hospitalar (FSCAH), em Docentes em Enfermagem, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e ainda em Clínica Psiquiátrica, pela Universidade de São Paulo (USP). Empreendedores, os reitores acreditam numa fase de ascensão. Confira a entrevista na íntegra: Entrevista

GAZETA DO OESTE - Como os senhores vêem a educação em Mossoró?
JOSIVAN BARBOSA - Mossoró precisa, em primeiro lugar, aumentar a quantidade de docentes de ensino superior, principalmente na Federal, pois até que na Estadual a situação é razoável. Na Ufersa, o número de professores é muito reduzido, a instituição precisaria de 300 docentes, e até agora só tem confirmados apenas 110. Isso é um desafio, mas vamos lutar diante dos órgãos competentes para conseguir o apoio dos parlamentares e da governadora. Portanto, há uma lacuna no ensino superior, e quem perde com isso é o município. Porque essas vagas são alocadas para a capital, e o nosso estudante não tem muito o que fazer. O que tem condição vai até a universidade, e quem não tem fica e não tem ascensão social. Então, a inclusão social de Mossoró e das outras cidades passa para essa ampliação dos docentes.

MILTON MARQUES - Vejo as reivindicações, mesmo que incomodem, como sendo fatores que enriquecem os discursos e forçam uma reflexão como um todo. Quanto ao nível superior em Mossoró, está se firmando cada vez mais. Principalmente pela vinda de mais universidades, centros de educação superior e faculdades. E no serviço público está havendo uma parceria que eu entendo como uma soma de recursos entre Ufersa e Uern para buscar a otimização dos resultados.

GO - Quais são os projetos da Uern e Ufersa?
JOSIVAN BARBOSA - A Ufersa tem hoje 10 cursos de graduação na área de ciências agrárias. E voltado para as áreas de engenharia ela passa a ter projetos dentro de dois pólos produtivos: o agronegócio e do petróleo, gás natural e energia renovável. Então são duas áreas que a universidade está ampliando. Saiu de dois cursos regulares para 10 e de 1 curso de pós para seis. Então isso é um avanço. São grandes projetos que exigem professores mais eficazes, capazes de elaborar projetos de desenvolvimento regional.
MILTON MARQUES - A Uern está passando por um momento em que é preciso ter a chamada consolidação, ou estabilização. Muitos cursos foram criados recentemente e estão passando pela fase de implantação, para deixá-los suficientemente prontos para um bom funcionamento, ou seja, dotados de recursos humanos, infra-estrutura, laboratórios, acervo bibliográfico. Os próximos anos serão ainda de investimentos neste sentido. Passada essa fase, a universidade vai poder respirar em clima de democracia e progresso. No caminho das pós-graduações, que é a grande busca das universidades, cursos de mestrado e doutorado, pois é através deles que elas conquistam editais.

GO - Como os senhores vêem o futuro da pesquisa em Mossoró?
JOSIVAN BARBOSA - Passa decisivamente pelo aumento da quantidade de docentes que fará da universidade absorver pesquisadores com maior produtividade em pesquisa, que conseguem aprovar os projetos junto às principais agências financiadoras. Quem se beneficia também é o setor produtivo, porque esses projetos vão operar conhecimento, gerar inovação e patentes.
MILTON MARQUES - Acho alvissareiro. Acredito que seja um local ideal para as pesquisas. No campo da física, da matéria condensada, são muitas as matérias-primas que nós temos, na cidade e região, desde o calcário, o xisto, até as águas-mãe, aquela que é sobra das salinas e que é despejada no mar, rica em minerais. Acredito ainda que os cursos de pós-graduação são os olhos microscópicos para examinar com mais detalhes onde estão essas matérias-primas e possam melhor aproveitá-las.

GO - Como os senhores avaliam a projeção das universidades em âmbito nacional?
JOSIVAN BARBOSA - A universidade é um fator de desenvolvimento local. Nós temos que entender que a sua melhora implica que o estudante não vai mais precisar ir para as capitais para fazer o curso desejado. Claro que é muito difícil interiorizar a universidade pública federal, pois historicamente elas só se concentram nas capitais. Só para se ter uma idéia, o Governo Federal vai investir R$ 500 milhões nas universidades das capitais, e nas do interior R$ 11milhões.
MILTON MARQUES - Acredito que a Uern será uma das grandes universidades estaduais do Brasil. Visto que estamos nos preparando para isso. Hoje temos mais de 80 professores que estão se aglutinando para formar os seus cursos de pós-graduação e mais 80 em formação. Então, dentro desses três meses estarão chegando mais 80 doutores, isso significa uma visão alvissareira com vários cursos de pós-graduação. Que tenham outras formas de receita que não dependam dos cofres públicos e esse é o grande objetivo da Uern.

GO - Como o setor privado pode contribuir?
JOSIVAN BARBOSA - O setor privado precisa das inovações, porque sem ela o setor deixa de ser competitivo, e a universidade é quem gera essa inovação. Então o setor privado pode dar bolsas para pesquisa de iniciação científica, para mestrado ou doutorado e até alocar recursos para o custeio da pesquisa. Lógico que essas pesquisas precisam ser de interesse desse público. Por isso estamos abertos para discutir com as empresas.
MILTON MARQUES - No momento em que a empresa começa a se interessar por enviar seus representantes para dentro da comunidade acadêmica, os cursos de pós-graduação não são reservados só para os professores e alunos; é provável que determinada indústria tenha o interesse de manter um representante, desde que ele atenda aos critérios exigidos e se submeta ao exame para atender às normas da instituição.




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