quarta-feira, 6 de junho de 2007

Questão de tempo

Por Dad Squarisi

No ar, propaganda de vitamina, aspirina, morfina. Primeiro, os milagres. O remédio faz e acontece. Levanta até cadáver. Depois, a advertência: ‘‘Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado’’.Telespectadores estranham. Não a propaganda. Mas o texto. Encucam-se com o ao. Interpretam a oração por ele introduzida como condicional: ‘‘Se persistirem os sintomas...’’ Aí, a construção estaria esquisita. O casalzinho ao não freqüenta o mundo das condições. Então... A oração na berlinda está no infinitivo. É reduzida. Se fosse condicional, deveria começar pela preposição a (a persistirem os sintomas...)
É o caso de:
- A querermos continuar os estudos, temos que nos virar. (Se quisermos continuar os estudos...) Mas ela se inicia por ao. Não é condicional. A reduzida introduzida pela preposição a + artigo o indica tempo. É temporal. Veja outros exemplos:
- Ao sair (quando saiu), bateu a porta. Ao viajar (quando viaja), usa cartão de crédito. Ao sentir-se mal (quando se sentiu mal), foi ao médico. Apague a luz ao sair (quando sair). A propaganda, sabida, dá uma de Pilatos. Lava as mãos. O texto transmite este recado: Quando persistirem os sintomas, o médico deverá ser procurado. Questão de tempo

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